Desde março deste ano, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia do novo coronavírus, a maioria dos garimpos continuou em atividade. É o caso do garimpo Puré, localizado no rio Japurá, que a cada dia recebe mais pessoas interessadas em trabalhar. José Felício Silva, 39 anos, popularmente conhecido como Maranhão, saiu do Nordeste a procura de oportunidades. “Eu estava em Manaus em janeiro, procurando algum lugar para trabalhar e algumas pessoas falaram sobre o novo garimpo no rio Japurá. Eu pesquisei a melhor forma de chegar ao local, agora estou há oito meses trabalhando lá dentro e tenho conseguido um retorno financeiro muito bom”, conta.

Apesar de ser distante e o trabalho ser pesado, Maranhão afirma que tem gostado de atuar no garimpo. “Há momentos que me sinto só, mas penso que dessa forma consigo ajudar bastante minha família. É o que eu gosto de fazer”, disse. A cada dois meses, o garimpeiro vai até a cidade de Japurá que fica próxima do local de trabalho e segue para Manaus para vender o que consegue coletar durante o tempo que fica dentro do garimpo.

Benefícios para as cidades vizinhas

Com grande movimentação de dinheiro ocasionado pelo ouro, as cidades que ficam próximas aos garimpos conseguem grande lucratividade. É o caso de Japurá que fica às margens do rio que dá nome à cidade. Aglas Araújo, 26 anos, viu a oportunidade em ganhar dinheiro por meio do comércio. “Eu trabalho com uma rádio em Japurá, mas isso não me dá tanta lucratividade. Quando apareceu o garimpo, eu vi uma forma de ganhar um dinheiro a mais. Meu amigo tem uma pequena lancha particular, então nos unimos, levamos mercadorias de todos os gêneros para vender lá dentro, desde o café até caixinhas de som Toda viagem voltamos sem nada na lancha, pois sempre vendemos tudo”, comenta a comerciante.

Outra situação que tem gerado empregos para a cidade é a procura por cozinheiras. Com a alta demanda de embarcações que se dirigem para dentro do garimpo, existe a necessidade de ter alguém que fique responsável pela comida dos funcionários. Nazaré Ribeiro, 43 anos, é viúva e se mantinha apenas com o benefício do bolsa família e quando recebeu a proposta de ganhar um dinheiro a mais, aproveitou a oportunidade. “Apesar de ser um lugar isolado é bem legal trabalhar fazendo o que eu gosto. Eu trabalhava como merendeira, mas meu contrato acabou e eu fiquei desempregada. Agora surgiu essa nova oportunidade, acordo às cinco da manhã para pegar no batente e tenho recebido muito bem para isso”, afirma.

Os garimpos em si não são crime e é possível ser garimpeiro e ganhar dinheiro extraindo minerais sem precisar burlar a lei, de acordo com o Estatuto do Garimpeiro. O documento orienta que todo garimpeiro se registre e que o trabalho seja feito somente em áreas previamente aprovadas para extração, independente de ser autônomo ou membro de cooperativa.