Em relação ao número de vítimas fatais no trânsito na capital, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (Immu) registrou de 1º de janeiro a 03 de setembro de 2020, 131 mortes, -5,07% menor que 2019, quando foram registrados 138 óbitos no mesmo período.

Para o especialista em trânsito, Haniery Mendonça, o aumento de número de acidentes está ligado às consequências que a pandemia causou. “Uma grande quantidade de veículos foi retirada das vias, assim houve aumento do espaço e com isso os condutores querem desenvolver uma velocidade maior. O motorista ainda não entendeu que quando a via está em perfeitas condições, sinalizada e com menos carros, ao invés de reduzir a velocidade, ele (motorista) imagina que a via está mais segura aumentando a velocidade e, consequentemente, contribuindo para o aumento da quantidade de acidentes de trânsito”, enfatiza o perito em trânsito. 

O motorista de aplicativo, Paulo Henrique Silva, 29 anos foi um dos envolvidos num acidente de trânsito e está nas estatísticas deste ano. Felizmente, só foram danos materiais. Silva dirige há 15 anos, já se envolveu em dois acidentes e diz que a pressa e a falta de atenção são as principais causas de acidentes de trânsito. “A sensação é muito ruim quando se envolve num acidente, muita adrenalina envolvida. Creio que na pandemia diminuiu bastante os acidentes. Quando abriu tudo, aí sim bastante acidente na cidade toda. Quanto menos carros na rua a gente acaba excedendo a velocidade”, pontuou o motorista de aplicativos.

Para Mendonça, há outros dois fatores que justificam o crescimento do número de acidentes: diminuição da fiscalização por agentes de trânsito e quantidade de motociclistas trabalhando de forma remunerada no trânsito, com a crescente demanda por delivery. “Com a pandemia e a questão do isolamento social, aumentou o número de acidentes com moto. Houve uma demanda maior por delivery e as pessoas viram uma oportunidade para ganhar dinheiro com o sistema de entrega de pedidos. Outro motivo é que a população ainda não entendeu que ela é a peça fundamental. Por mais que se sejam produzidas campanhas educativas e fiscalização, se ela não fizer a parte dela, não vai reduzir o número de acidentes”, reforça o especialista.

Abril foi o mês com menor número de acidentes com vítimas fatais, em 2020, na capital amazonense, segundo o Detran-AM. Período em que Manaus enfrentava o pico da covid-19, com média de 140 sepultamentos em 26 de abril, colapso funerário e, ainda, crise no sistema de saúde.