Diante do número crescente de mortes no Brasil e no mundo afora, a Covid-19 está causando outra pandemia: a de medo. O estado afetivo surge sempre que uma situação coloca nossas vidas ou a espécie humana em risco, e nos leva a tomar atitudes para enfrentar o perigo. Manter a saúde mental está sendo um dos maiores desafios durante pandemia do novo coronavírus. Entre os obstáculos está a enxurrada de informações, falsas e verídicas circulando todos os dias.
A avalanche de notícias impacta na saúde mental gerando ansiedade, crises de pânico e abalando o emocional das pessoas. Quem já sofre com transtornos mentais como depressão e síndrome do pânico, deve ter um cuidado redobrado em como está se informando para não agravar o quadro.
Segundo o psicólogo do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, Alexandre Cavalcante, o problema do medo acontece quando ele é agudo, como o que muitas pessoas estão nesse momento. “O medo exacerbado pode desencadear problemas psíquicos como depressão, ansiedade, hipocondria e estresse pós traumático. Devido à preocupação necessária, pessoas com pensamentos catastróficos podem se proteger com sucesso, todavia adoecerem psicologicamente, o que também leva à preocupação de suicídio”, explica.
Alexandre Cavalcante é um dos psicólogos do Hospital 28 de Agosto, em Manaus-AM, e vem acompanhando os familiares dos pacientes infectados pela covid-19. O profissional destaca que a propagação de notícias falsas vem intensificando angústia dos familiares que estão vivenciando o processo de internação na unidade de saúde. “Devemos lembrar que devido à pandemia os pacientes internados precisam ficar isolados do restante da família. Quem compartilha notícias falsas não imagina a repercussão negativa que isso pode causar a um familiar que já estava ansioso por notícias e agora teme que os eventos aconteçam com seu ente querido. Além disso, o isolamento social já suscita o despertar de conflitos internos”, destaca Cavalcante.
A estudante de odontologia, Dandara Holanda conta que sofreu muito logo no início da quarentena por conta de notícias falsas. “Na minha cabeça as coisas voltariam ao normal logo, mas dias e dias foram passando e nada mudava, os números só aumentavam. Baixei um aplicativo de notícias para ficar informada. Quando eu falava o que lia para minha mãe, ela dizia que a informação era falsa que ainda não tinha saído em nenhum comunicado oficial do Ministério da Saúde. Chegou um momento que de tanto eu ler as notícias, fiquei com um medo exagerado, achando que todos da minha família iam morrer e até eu mesma cheguei a ir para o pronto socorro achando que eu estava doente”, recorda Dandara
Dicas de como manter a saúde mental durante a pandemia
Não é surpresa que o medo e, consequentemente, a ansiedade batam a porta, visto o fluxo intenso de notícias neste momento de disseminação da covid-19 e alerta global. Todavia, além de zelarmos por nosso sistema imunológico, tomando as medidas necessárias para não se contaminar e propagar o vírus, devemos cuidar da nossa saúde mental.
É isso que vamos abordar no podcast com a psicóloga Nicolly Beatriz, com atuação clínica voltada para atendimento na abordagem de terapia cognitivo-comportamental com adolescentes e adultos. Além de exercer o ofício de psicóloga de suporte ao aluno na Faculdade Martha Falcão.
Neste episódio, você vai ouvir o que pode ser feito para atenuar o emocional de um período como esse. Além de aprender técnicas de relaxamento.
Escute o podcast:
Na era das fake news, o trabalho do jornalista se mostra cada vez mais importante. As redes sociais, apesar de serem uma ferramenta importante para o ofício destes profissionais, também se tornaram o refúgio de muitos indivíduos que a utilizam para inventar mentiras, que podem ser utilizadas para causar prejuízo social, principalmente quando são transmitidas por artistas, influenciadores digitais e principalmente por autoridades políticas.
Diante desse contexto, vem ganhando destaque o conceito de pós - verdade e a incessante luta dos jornalistas para esclarecer. Segundo a Oxford Dictionaries, a pós-verdade é quando uma história é criada com o intuito de fazer as pessoas acreditarem de fato nas palavras escritas porque estão fortemente associadas à emoção e às crenças específicas aquele público alvo.
O auge do Brasil com fake news
foi em 2018, quando em plena campanha eleitoral, os jornalistas precisaram criar departamentos para investigar se uma publicação compartilhada por milhares de pessoas em aplicativos e plataformas digitais era verdadeira ou não. O editor-executivo do portal D24AM, Bruno Mazieri, explica que mesmo antes da pandemia os jornalistas já exerciam o papel de desmentir notícias falsas. “De 2018 para cá, o fluxo de fake news
aumentou consideravelmente, sendo tema de inúmeras pesquisas em todo o mundo. Então, além de informar, agora, o jornalista também se preocupa em esclarecer fatos que muitas vezes chegam aos leitores, por meio das redes sociais, e não são verdadeiros. O esclarecimento é essencial neste processo”, frisa Mazieri.
No entanto, não é só na política que as fake news
ganham força. Em tempos de pandemia, a área da saúde está sendo constantemente marcada pela difusão de receitas milagrosas para doenças. Desde dezembro de 2019, quando os primeiros casos do novo coronavírus foram divulgados, houve uma enxurrada de notícias duvidosas. E a partir da disseminação no mundo e a confirmação de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação foi evoluindo e a imprensa passou a ser vista por algumas pessoas como exagerada e para outros cidadãos como um trabalho essencialmente necessário.
Bruno Mazieri enfatiza que o papel dos jornalistas em momento de crise como este é fundamental que devem reportar a verdade com compromisso, apresentando sempre os dois lados da história. “O jornalista tem a função de fazer com que o leitor, ouvinte ou espectador comece a trabalhar o seu senso crítico diante das matérias publicadas. Apresentando sempre os dois lados da história e fomentando o pensamento, livre de qualquer opinião. Ressalto que isso é válido para matérias e não artigos ou colunas, quando seus respectivos responsáveis tecem suas visões sobre os fatos”, pontuou.