O Amazonas apresentou uma redução de 27% nos registros de casos de feminicídio, de acordo com os dados Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas.
Por Adryanna Menezes e Giovanna Caresto*
Especial para portalfalcon.com
Publicado em 22/10/2023A
O Amazonas apresentou uma redução de 27% nos registros de casos de feminicídio, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), por meio do Centro Integrado de Estatística de Segurança Pública (Ciesp), em 2022. De acordo com o centro, de janeiro a novembro de 2021, foram registrados 22% dos casos no estado. No mesmo período deste ano, este número chegou a 16%.
Na maioria dos casos, mulheres sofrem agressão por seus próprios companheiros, suas causas variam como: Ciúmes, agressão verbal, agressão física onde elas acreditam que trata se de um cuidado do agressor, por não conseguirem terminar o relacionamento, filhos, vida financeira delicada ou patrimônio, acabam sendo vítimas desse crime bárbaro. A vítima por medo das ameaças não consegue denunciá-lo.
De acordo com a delegada da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher, Débora Mafra, as mulheres levam cerca de 10 anos para denunciar a violência. “A violência doméstica familiar é tão silenciosa que é muito difícil a pessoa entender que está sendo vítima. Por ter vínculos emocionais, tem pena do agressor, sente-se culpada e por acreditar nas ameaças a ponto de não querer ajuda, com medo de morrer. Com isso, a vítima demora cerca de 10 anos para denunciar, muitas mulheres não conseguem denunciar pois elas morrem por feminicídio. Os números de violência doméstica em Manaus têm aumentado e são altos, porém positivos porque essas mulheres se entenderam como vítima de violência doméstica e estão se libertando, denunciando o seu agressor. Toda e qualquer pessoa pode intervir em um relacionamento de agressão doméstica familiar vindo até a delegacia, você será ouvido e chamaremos a mulher (vitima) e o homem (agressor) para responder ao inquérito policial e enviaremos à justiça. As denúncias anônimas podem ser feitas pelos números 180 ou 181, com a opção do WhatsApp. Temos o 190, no momento que estiver ocorrendo a agressão, você liga anonimamente e uma viatura chegará onde está ocorrendo o fato e será preso em flagrante esse agressor”, explica.
É nesse cenário em que Walquiria Costa conta como foi vítima de violência doméstica pelo seu próprio companheiro. “Fui casada 12 anos com alguém que me feriu de todas as formas, um relacionamento que deixou marcas no corpo e no meu psicológico. Sou mãe de 04 filhas, hoje elas passam por psicólogo pois tem tantos traumas quanto eu. Foram inúmeras vezes, soco, murro, com objetos, ele jogava comida fora para não comermos, pois já havia comido na rua. Sempre que ocorriam as agressões minhas filhas ficavam de frente para a parede chorando pedindo que acabasse", recorda.
Em meio a tantas humilhações, Costa denunciou as agressões e conta hoje que seu maior desafio e enquadrar suas filhas na sociedade, para que elas tenham um convívio social e desfrutem dessa infância. "Após 15 anos tive coragem de denunciar, a defesa pública que me deu todo o apoio na hora da denúncia", diz.
A estudante de Farmácia, Eyla Ferreira, conta que também passou por um momento conturbado em sua vida, que mesmo com pouca idade vivenciou momentos de terror ao lado do ex-companheiro. “O início do relacionamento é sempre motivo de muitas alegrias e não é diferente quando se trata de um relacionamento abusivo. Ele demonstrava ser um homem legal, respeitador, carinhoso e com inúmeras qualidades, mas com apenas 03 meses de relacionamento, as coisas mudaram. Os principais sinais do relacionamento tóxico começaram quando minhas maquiagens, minhas roupas, minhas amizades e até mesmo a relação com a minha própria mãe passaram a incomodá-lo. Com esse relacionamento, eu acabei engravidando e foi quando a relação piorou, vieram as traições, humilhações e problemas com drogas. A primeira vez fui agredida foi por tentar impedi-lo de sair para usar droga, houve uma briga corporal e ele me empurrou e rasgou minhas roupas, foi então que eu tomei a iniciativa de denunciá-lo e pedi uma medida protetiva. Ele foi atrás de mim afirmando que ia mudar pela nossa filha e, então, foi o momento em que eu decidi voltar a morar com ele, no segundo mês morando juntos, ele vendia as nossas coisas para comprar drogas. Retornamos a Manaus, porém eu era impedida de sair de casa e começaram as pressões psicólogas e as ameaças, comecei a sofrer agressões com mais frequência. No sexto mês de gestação, eu sofri uma forte agressão, o meu ex-companheiro tentou me matar e um vizinho ao lado do apartamento ouviu tudo e me ajudou. Foi então que a família soube de tudo e a polícia foi acionada, nesse momento ele foi preso por descumprir a ordem de afastamento”, concluiu.
*A reportagem faz parte da atividade avaliativa da disciplina Jornalismo de Dados e Algoritmos, ministrada pela professora Vanessa Sena, durante o semestre de 2023-2.
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