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Deep Web: entenda como os criminosos atuam no mercado negro da internet

Em uma parte desse ambiente, conhecida como 'Deep Web', redes de comunicação anônima podem ser acessadas com facilidade e acabam sendo usadas para circular conteúdo ilegal.

Raifran Monteiro – redação portalfalcon.com

Publicado em 04 de novembro de 2020.

Pesquisar algum termo no navegador e escolher o site com o melhor resultado são coisas comuns que fazemos diariamente, é apenas a ponta do iceberg que acessamos todos os dias. Esse é o reflexo da internet, a chamada Surface. Nela são guardados os mais diversos sites, com conteúdos diversos que vão desde notícias a memes engraçados, jogos on-line e quase tudo mostrado em resultados de pesquisa do Google.

Outra parte da rede é conhecida como Deep Web, a parte da internet que não pode ser encontrada por sites de pesquisa como o Google. Essa rede é muito usada para compartilhamento de dados de forma anônima e segura, já que o IP (Internet Protocol) de muitos usuários é inacessível. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), no primeiro semestre de 2020 os crimes cometidos no meio virtual superaram os números do ano passado no Amazonas. Foram 1.943, contra 861 em 2019. 

As redes anônimas são destinadas ao uso de ativistas políticos e de jornalistas sob censura, mas suas características acabam atraindo pessoas interessadas em abrigar conteúdo questionável, macabro e ilegal como venda de cartões clonados, divulgações de informações secretas do mercado financeiro, venda ilegal de armas, incluindo a pornografia infantil. A Deep Web por oferecer privacidade é que muitos criminosos são atraídos a esta área da rede virtual.

“Dentro da Deep Web existe a Dark Web, que pode ser usada por criminosos para realizar transações econômicas ilegais, como venda de drogas e tráfico de itens do mercado negro. O atrativo da anonimidade atrai os criminosos que possuem mais conhecimento técnico para a Dark Web por ser mais difícil a detecção pela polícia e pela abertura para um mercado internacional do que nos crimes cibernéticos comuns”, explica o professor Marcus Cordeiro.

Para acessar a Deep Web

Para entrar nesta área da internet, a chamada Deep Web é necessária a instalação de um software específico, chamado The Onion Router (TOR). O professor de comunicação com ênfase em audiovisual, da Faculdade Martha Falcão (FMF), Marcus Cordeiro, explica que essa rede não fica disponível a ferramentas de pesquisas comuns que estamos acostumados a acessar  por serem criptografadas. O acesso a qualquer site nesta área não ocorre da mesma maneira como na Surface, é uma pesquisa mais elaborada e demorada.


“Para acessar a Deep Web é necessário ter um navegador específico, chamado TOR (The Onion Router), que redireciona o seu endereço de IP pela web até que ele se torne anônimo. Em alguns casos necessita saber um pouco de programação para realizar os acessos. 95% da internet não é indexada, entao na camada mais profunda da web se tem de tudo, desde banco de dados privados (não acessíveis pelo TOR), até sites de venda ilegal protegidos pela anonimidade proporcionada por esse ambiente”, explica o professor.


O IP é como um endereço de cada computador numa rede, é por meio dele que a polícia consegue rastrear diversos tipos de criminosos como pedófilos, assaltantes e hackers. Com a ausência desse dado, fica impossível localizar o usuário. 


É possivel encontrar sites específicos para tudo o que é ilegal na rede, sem as restrições impostas pelos navegadores comuns. “Normalmente as transações de pagamento são feitas por meio de criptomoedas, como o Bitcoin, que são encriptadas para que não possam ser rastreadas pelo sistema financeiro tradicional dos países”, conta Cordeiro.


Crimes cibernéticos

De acordo com a Delegacia Interativa (DI), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), a clonagem e o hackeamento de dados estão entre os tipos de crimes cibernéticos mais cometidos em Manaus.  Muitos desses crimes nem chegam a acontecer dentro da Deep Web, específico crimes contra a honra e a divulgação de material íntimo,com teor sexual ou não, sem o consentimento das vítimas, crimes de falsa identidade ou de cunho racista.


Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), no primeiro semestre de 2020 os crimes cometidos no meio virtual superaram os números do ano passado. Foram 1.943, contra 861 em 2019. 


Em uma entrevista para o portal Em Tempo a delegada titular da DI, Ana Cristina Braga, orienta que a população siga algumas medidas para aumentar a segurança no ambiente virtual, como não acessar redes de internet desconhecidas ou públicas, em Wi-Fi, e sempre utilizar senhas complexas para as redes sociais, de bancos ou demais contas, além de não deixar o smartphone sem bloqueio de tela e senha, pois ajuda a inibir a prática criminosa.


“Jamais preencha algo que desconheça com os dados pessoais. E é necessário também instalar um bom antivírus no computador, instalar somente aplicativos confiáveis, além de realizar a verificação de senhas em duas etapas. E nunca clicar em links desconhecidos recebidos por meio de grupos no WhatsApp, e-mail ou SMS”, alerta ela.


Em um levantamento divulgado, nos seis primeiros meses, os maiores destaques foram maio, que teve o primeiro pico ainda com 339 ocorrências registradas, e depois junho, com um total de 828 ocorrências. E o golpe do Whatsapp clonado é um dos mais relatados por quem cai neste tipo de crime.


Foi nesse crime que a administradora, Jessica Oliveira, 24 anos, percebeu que havia caído em um golpe ao receber a ligação de um amigos e ser questionada se estava pedindo dinheiro. Um criminoso clonou o aplicativo de mensagem da jovem, e enviou pedido de ajuda financeira.

 

“Com a lista de contatos em mãos, o criminoso enviou uma série de mensagens aos meus familiares pedindo dinheiro emprestado. Uma delas foi para uma prima pedindo R $640.  “Na hora, eu estava no trabalho. E uma pessoa me ligou pedindo se passando pelo meu primo e precisava dos dados que chegaria por SMS porque estava sem celular e por esse motivo deu o meu. Suspeitei que era golpe, mas por falta de atenção na hora, acho que acabei enviando” disse. 



Edição: Marcella Ladislau

Atualização: Maickson Serrão

Supervisão: Professora Vanessa Sena

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