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“Baixa representatividade feminina na CMM é reflexo de uma sociedade machista”, diz socióloga 

Apenas quatro vereadoras foram eleitas para ocupar as cadeiras da Câmara Municipal de Manaus 

Ronaldo Martins – redação portalfalcon.com

Publicado em 02 de dezembro de 2020.

O resultado das eleições municipais de novembro evidenciou uma realidade preocupante para a capital amazonense: a baixa representatividade feminina na política de Manaus. Dos 41 vereadores eleitos para ocupar as cadeiras da Câmara Municipal de Manaus (CMM), apenas quatro foram mulheres, somando-se a reeleição da vereadora Jacqueline. Esse número revela o preconceito presente na cultura brasileira e a falta de políticas públicas direcionadas a comunidade do sexo feminino.

Segundo a socióloga política Maria Rute Luna, a baixa ocupação de cargos políticos por mulheres na CMM é reflexo de um processo histórico cultural, presente na construção da sociedade brasileira desde o início da votação popular onde o direito ao voto era negado às mulheres e outros setores da população. O distanciamento feminino na participação da escolha dos governante foi um tabu durante muitos anos e com ele outros estereótipos negativos foram intitulados ao gênero feminino, esses fatores somados impactam no cenário local. 

“Aqui no Amazonas vivemos numa sociedade machista e podemos ver esse reflexo na política onde apenas quatro mulheres vereadoras é número bastante reduzido ainda, isso significa dizer que não é considerado uma boa representatividade com as mulheres na câmara de Manaus. Isso é triste, tendo em vista que o estado foi o primeiro a eleger uma mulher senadora em todo o Brasil, existem outros exemplos de mudança nos interiores e precisamos levar isso para capital”, afirmou a socióloga. 

Se comparado com o pleito realizado em 2016 observa-se um fraco desempenho das candidaturas femininas. Naquele ano, o número foi ainda menor: três vereadoras foram escolhidas para representar o povo manauara. Buscando mudar essa realidade, um grupo formado por três mulheres se uniram numa única candidatura (Psol) com intuito de levar ideias de inclusão, da diversidade, entre outras demandas sociais para debate na câmara, entretanto, apesar da expressiva votação não conseguiram se eleger. 

Reeleita para seu terceiro mandato consecutivo à frente da CMM, a vereadora Jacqueline Pinheiro, de 57 anos, que nessa eleição figurou na 3º colocação dos mais votados, afirma que as mulheres têm total capacidade de exercer cargos na esfera da administração pública e que os partidos políticos precisam da mais incentivos no momento da campanha, pois dessa forma as mulheres poderão competir em pé de igualdade com os homens.

“A figura do político ficou marginalizada com tantos escândalos de corrupção, seria importante os eleitores considerassem o fato de que as mulheres possuem capacidade técnica, competência profissional para assumirem cargos na política até porque tem mais horas de estudo, tendem a ser mais prudentes e menos delitivas entre outras vantagens que o público feminino pode atender e serem consideradas pela sociedade” disse a também professora.

Para proporcionar a participação feminina na política, o Brasil vem adotando medidas de inclusão. Atualmente, os partidos políticos são obrigados a destinar uma porcentagem dos recursos recebidos a financiar campanhas femininas. Ainda de acordo com a Maria Rute Luna é necessário mudanças na cultura brasileira, a partir de então poderá ver resultados futuramente.


 “Para romper esse paradigma, temos que romper com padrões culturais. Políticas públicas não é o suficiente, haja vista que o machismo é um problema estrutural. A solução seria um conjunto de fatores, passando pela educação domiciliar até a ensinada nas escolas. Nós como mães devemos ensinar os nossos filhos a não ter condutas machistas, isso é um exemplo de tantos outros que pode ser seguido”, ressaltou Rute Luna. 


Edição: Marcella Ladislau

Atualização: Maickson Serrão

Supervisão: Professora Vanessa Sena

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