São tempos agitados em todo o mundo e ao longo dos anos, podemos perceber que o meio digital vem se tornando um dos principais meios usados pela humanidade para busca de informações. As redes sociais e os mecanismos de buscas se tornaram a grande plataforma de mediação de acesso à informação do século XXI. Onde, de acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, realizada pela Secretaria de Comunicação Social do governo, mostra que 26% dos entrevistados citaram que usam a internet como principal fonte noticiosa. Sendo assim os algoritmos, ferramenta que rege o funcionamento das redes, é o principal responsável pelo conteúdo que chega aos usuários, filtrando e restringindo a diversificação de temas.
Segundo o professor de Programação Orientada a Objetos, da Faculdade Martha Falcão (FMF), Orlewilson Bentes, formado em Ciência da Computação, os algoritmos são processos lógicos finitos, nos quais os dados de entrada são processados, através de padrões especificados, para que se tenha o resultado esperado. “É um conjunto finito de instruções no qual o computador executa em sequência para resolver algum problema. Por exemplo, em uma receita de bolo, após separar os ingredientes, seguimos as instruções para preparar um bolo. A ideia do algoritmo é a mesma. Eles funcionam a partir de uma entrada a qual será processada (seguir a ordem das instruções) para gerar um resultado. Por exemplo, quando fazemos uma busca sobre algum lugar que queremos conhecer, existem algoritmos que identificam esse lugar e enviam notificações de passagens assim que você entra em alguma rede social”, explica.
Somado a isso, a lógica de funcionamento dos algoritmos, de acordo com Orlewilson, pode ser dividida em três etapas: (1) entrada, são valores que serão utilizados pelo algoritmo para (2) processar e gerar algum resultado (3) saída. “Trazendo para a nossa realidade, seria algo assim: suponhamos que temos um sensor de temperatura no ar-condicionado no quarto e ele está programado para a temperatura de 22ºC. Existe um algoritmo dentro do ar-condicionado que verifica de tempos em tempos a temperatura do ambiente. Quando ela estiver em 22ºC ou abaixo dela, o ar-condicionado é “desligado” (o compressor é desligado), gerando, assim, economia de energia. No instante em que for detectado que a temperatura estiver acima de 22ºC, o ar-condicionado é ligado novamente. Tudo isso é feito de forma automática”, conta.
Para Bianca Monteiro, social media de certa forma as pessoas se encontram em uma bolha informacional, no entanto, os algoritmos não são os únicos culpados. “As pessoas não consomem apenas notícias pelas redes sociais, embora eu acredite que hoje em dia seja extremamente consumido, mas se as pessoas vivem em uma bolha de informação, só tem informação de um determinado assunto é porque ela não tem interesse em consumir outras coisas. Por exemplo, se eu não quiser saber o que está acontecendo no Japão, eu não vejo notícias de lá, porque eu seleciono o que eu quero ver e ler. Então, de certa forma, estamos em uma bolha de informações, mas muitas vezes nós mesmos criamos essa bolha. Porque é mais cômodo eu ficar recebendo conteúdos de certos portais que sigo nas redes do que pegar e ler um artigo direto do site,” declara.
Outra forma de variar as informações, segundo Orlewilson, é efetuando a limpeza de todos os dados salvos na conta do usuário, removendo recomendações pouco relevantes e abrindo espaço para novas. Alguns sistemas também permitem personalizar os temas de interesse do usuário. Ele ainda explica que as informações que os algoritmos usam são de diferentes formas. “As informações que os algoritmos podem usar são de diferentes formas como imagens, texto e voz. Com imagens, pode-se empregar para detectar pessoas a partir de fotos. Com textos, pode-se ler um arquivo com palavras em inglês e traduzir para o português. Com voz, pode-se pesquisar por uma peça de roupa ou um sapato usando comando de voz com um smartphone”, finaliza.
Redes sociais e Fake News
Segundo o Relatório de Notícias Digitais 2020, produzido pelo Instituto Reuters, O Facebook e o WhatsApp são as redes sociais mais utilizadas para a disseminação de Fake News. Além da bolha informacional, os algoritmos e as redes sociais podem trazer outro problema: a propagação de informações falsas.
Ao buscar por notícias, o usuário pode se prender apenas a conteúdos falsos. Quanto mais ele pesquisa e interage com essas informações, mais notícias falsas irão surgir devido aos algoritmos. “Pesquisar a veracidade dos fatos antes de compartilhar é essencial”, afirma Bianca.
Uma pesquisa feita pela Avaaz aponta que sete em cada dez internautas brasileiros, cerca de 100 milhões de pessoas, acreditam em ao menos uma notícia falsa a respeito da pandemia do coronavírus. De acordo com o levantamento, 6 em cada 10 internautas receberam fakes news pelo WhatsApp e 5 em cada 10 receberam pelo Facebook.
Já redes como o Facebook, Instagram e Twitter vêm procurando soluções para essa propagação de informações falsas. Alguns dos recursos criados por essas plataformas são a remoção automática de notícias falsas, direcionamento a informações oficiais, investimento em checagem e até mesmo a criação de uma página dentro do aplicativo, que fornece acesso a informações confiáveis.
Edição: Marcella Ladislau
Atualização: Maickson Serrão
Supervisão: Professora Vanessa Sena