O ano de 2020 começou de uma maneira diferente. Uma pandemia se instaurou em todo mundo, tirando a liberdade de ir e vir da maioria da população. Mas até em que ponto somos afetados? Como estamos nos comportando em meio a tudo isso? Como estão os pensamentos? Essas são dúvidas que muitos de nós temos na cabeça. A saúde mental dos jovens hoje em dia é algo muito instável, uma mistura de emoções toma conta da maioria deles todos os dias. Se em dias normais isso acontece, imagina como isso se agrava na atual situação. Em conversa com jovens entre 18 e 22 anos, a equipe do Portal Falcon obteve alguns relatos a respeito do momento atual. A maioria pontuou os fatores que mais tem mexido com o psicológico.
Aluna do ensino médio, Eduarda Marques vê o distanciamento social como algo normal. “Esse isolamento não mudou muito minha vida, sempre fui mais sozinha. Agora sem as aulas presenciais eu tenho tido mais tempo para mim mesma, posso assistir minhas séries favoritas e passar o dia em casa comendo (risos). Confesso que meu relógio biológico está um pouquinho atrapalhado. Em alguns momentos a noite me pego pensando em coisas do passado e isso não me faz muito bem, mas eu procuro ocupar minha mente ouvindo uma música, assistindo algum filme e tudo melhora. Não sei daqui uns dias, mas por enquanto eu posso dizer que ainda não pirei”, afirma a estudante que mora com a família e tem a irmã como melhor amiga, além de manter o contato diário com os amigos via mensagens e chamadas de vídeo.
Há ainda os jovens que seguem trabalhando fora de casa e afirmam que a saída para o trabalho é uma forma de tentar controlar melhor toda a situação instaurada pela pandemia, como é o caso do militar Raphael Izuiza. “Quando tudo isso aconteceu eu fiquei meio assustado com a proporção que tomou. Cheguei até cheguei a pedir minhas férias, mas não fui autorizado. Sigo normalmente cumprindo minha rotina de trabalho, mas me protegendo sempre nas idas e voltas do trabalho”, conta ao pontuar como a pandemia tem afetado sua saúde física e mental, por meio, principalmente, da suspensão da prática das atividades físicas ao ar livre.
Como a mudança de rotinas de toda a sociedade, há também a situação dos jovens universitários que se viram cheios de incertezas em relação aos seus respectivos cursos, muitos desistiram por insegurança ou simplesmente por desinteresse. A estudante de direito Thais Muniz procura se manter ocupada e focada na quarentena, acompanhando as aulas remotas adotadas por maioria das instituições de ensino durante a pandemia. “A quantidade de trabalhos aumentou consideravelmente, eu tiro muito tempo para eles e tento conciliar também com as atividades domésticas aqui de casa. O momento atual está nos forçando a desacelerar o ritmo e focar nas coisas que realmente importam. Cuidar não só da nossa saúde, mas de outras milhares de pessoas com ato de ficar em casa, não é algo tão fácil, mas é essencial no momento”, ressaltou a universitária ao lembrar que, durante a noite, eventualmente surgem novos comportamentos levados por uma mente vazia que nos traz traumas do passado, pensamentos negativos, visão pessimista da vida e postura antissocial.
O isolamento social vem afetando as pessoas de várias maneiras diferentes, enquanto uns gostam, outros não simpatizam muito com a situação. Crislen Adriane destaca esse período como uma verdadeira confusão. Nas primeiras semanas, a jovem via como um pequeno descanso ou férias repentinas, mas após as primeiras semanas a situação ficou complicada, a falta dos amigos e atividades rotineiras influenciaram bastante. “O medo dessa doença chegar na minha família é grande, todos os dias vemos pessoas morrendo e isso tortura minha mente me fazendo acreditar que isso nunca vai acabar. Minhas crises de ansiedade têm vindo com muita frequência, antes eu podia sair para me distrair, mas hoje tenho que ficar em meu quarto no silêncio esperando tudo passar. Tudo é tranquilo apenas no começo, mas ultimamente tenho chorado do nada e ficado triste sem motivo, ainda bem que minha psicóloga me ajuda com ligações e mensagens e isso me conforta bastante”, afirmou.
O que fazer para sobreviver ao momento?
A psicóloga Maiene Martins afirma que os sentimentos se afloram mais em situações complicadas, como é o caso da pandemia do novo coronavírus. De acordo com a profissional, é normal as pessoas se preocuparem com o bem estar umas das outras, mas não podemos deixar isso ser mais forte que nós, precisamos a todo momento exercitar nossa mente.
A psicóloga apresenta 11 dicas para fazer nesses momentos em que nossa mente precisa de ajuda e afirma que tudo isso contribui para deixar a mente da pessoa mais ativa, diminuindo o nível de ansiedade e estresse.
- 1 - Seria bom a pessoa praticar um autoconhecimento (Quais meus defeitos? Minhas qualidades? Em que eu posso melhorar? Por que eu tenho me estressado ou me preocupado tanto com isso?).
- 2 - Autocuidado também seria indispensável, sabe vc se produz e se cuida todo para as pessoas de fora, mas não faz isso para si mesmo, e para sua família, tem uma hora que é preciso tirar o pijama.
- 3 - Investir na sua carreira profissional, acadêmica, fazer algo que sempre teve vontade, mas antes não tinha tempo (ler algum livro da sua área, aprender alguma matéria).
- 4- Fazer coisas diferentes que você sempre teve vontade, mas sempre tinha preguiça ou falta de tempo.
- 5 - Passar mais tempo com a família, conviver mais. Com a rotina do dia a dia, trabalho, faculdade, aula, as pessoas de casa acabam passando menos tempo juntos.
- 6 - Estabelecer uma rotina, não precisa sair de casa para ter uma rotina.
- 7 - Fazer exercícios físicos, meditação.
- 8 - Buscar manter contato com os amigos mesmo a distância (mas sem se prender só a isso, pois as redes sociais podem ser eficientes como também prejudiciais).
- 9 - Evitar estar sempre lendo, ou ouvindo as notícias negativas da mídia. Filtre o que é necessário.
- 10 - Para os cristãos buscar mais a Deus neste período, cuidar da sua vida espiritual.
- 11 - Ter momentos de lazer (um hobby, assistir filmes, ler, cozinhar essas coisas, mas sem se prender somente a isso).