Mesa-redonda sobre jornalismo investigativo discute a cobertura de casos de feminicídio
A atividade teve a participação de três convidados: o jornalista investigativo Alexandre Hisayasu, a delegada Débora Mafra e a psicóloga Maria Aparecida Martins.
Por Indra Miranda
Da redação portalfalcon.com
Publicado em 19/10/2022
Na última sexta-feira (14), como parte da programação local da Semana Nacional de Cursos de Economia Criativa, ocorreu a mesa-redonda ‘Jornalismo Investigativo: casos de feminicídio’, no auditório do campus da Faculdade Martha Falcão Wyden. A atividade teve a participação do jornalista investigativo Alexandre Hisayasu, da delegada Débora Mafra e da psicóloga Maria Aparecida Martins.
Iniciando as discussões da mesa-redonda, a delegada Débora Mafra falou sobre o aumento de caos de violência doméstica contra mulheres no período pandêmico, onde houve uma alta de 34% nos registros, sendo 25.132 ocorrências e seis mil casos entre 2020 e 2021, segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). A convidada ressaltou a importância de denunciar os casos de feminicídios.
Em seguida, a psicóloga Maria Aparecida Martins destacou a importância de tratar os traumas das vítimas. Segundo a profissional, a dependência afetiva, emocional e financeira é um dos principais motivos que levam muitas mulheres a não denunciarem seus parceiros. “A dependência emocional é normal, todos nós temos, mas a dependência emocional patológica – que é aquele amor afetivo intenso, já entra nesta questão de violência à mulher, onde muitas vítimas acabam não se importando e achando algo normal”, explicou a doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia (UFAM) e especialista nas áreas da psicologia escolar e da psicologia social.
Alexandre Hisayasu compartilhou experiências de coberturas e dilemas éticos da profissão. Na ocasião, recordou sobre uma reportagem de 2001 e com veiculação no Jornal Nacional da TV Globo, sobre crimes cometidos por policiais, como extorsões de prostituição de mulheres e tráfico de drogas na Cracolândia, em São Paulo-SP. O repórter lembrou que a reportagem só foi possível porque duas mulheres resolveram ajudar a equipe de reportagem com câmeras escondias, conseguindo captar cenas e agressões que vinham sofrendo, além de abusos sexuais e crimes cometidos por policiais.
O jornalista também enfatizou a importância da empatia pelas vítimas em casos de feminicídio, e o cuidado com a exposição para que elas não sejam revitimizadas na mídia. “Nesta área específica de cobertura de casos de feminicídio, o fundamental e essencial é respeitar a vontade da vítima quando ela, ou familiares, não querem dar entrevista”, concluiu o profissional do grupo Rede Amazônica, que hoje atua em reportagens sobre povos indígenas, crescimento do garimpo criminoso e destruição do meio ambiente.
Vídeo de abertura
Antes do início da conversa com os convidados, houve a apresentação de um vídeo produzido em 2019, como parte de atividade de sala de aula coordenada pelo professor Origenes Martins Jr. Na ocasião, os estudantes foram orientados na produção de um telejornal e um dos materiais veiculados abordava a temática de casos de feminicídio no estado do Amazonas. Na época, a delegada Débora Mafra esteve presente no evento realizado pelos alunos com a finalidade de exibir os conteúdos produzidos.
Sobre a atividade
A mesa-redonda Jornalismo Investigativo – Casos de Feminicídio fez parte da programação da Semana Nacional de Cursos de Economia Criativa, realizada nos dias 10 a 14 deste mês. A atividade foi a única do evento mediada por alunos do curso de Jornalismo. Indra Miranda e Francisco Seixas foram os responsáveis por conduzir a conversa entre os convidados, com supervisão da coordenadora dos cursos de Jornalismo e Publicidade, professora Cláudia Lopes.
Edição e supervisão: Professora Vanessa Sena
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