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Excesso de WhatsApp faz mal

Uso contínuo do aplicativo pode causar mais ansiedade e menos concentração.

Raifran Monteiro – redação portalfalcon.com

Publicado em 18 de novembro de 2020

Vivemos em um mundo hiperconectado, muito imediatista, com um volume de informações cada vez maior parece justificar esse boom de ansiedade na população. Culpamos a tecnologia pela sensação de falta de tempo e estresse, mesmo sem podermos negar a facilidade e o conforto que os novos recursos nos oferecem.

Mais de 100 milhões de brasileiros conectados ao WhatsApp não conseguem passar um dia sem acessar o aplicativo. Mas o uso excessivo, segundo Nicolly Beatriz, com atuação clínica voltada para atendimento na abordagem de terapia cognitivo-comportamental com adolescentes e adultos. Além de exercer o ofício de psicóloga de suporte ao aluno na Faculdade Martha Falcão, explica que o uso excessivo dessa plataforma aumenta o risco de ansiedade e até de depressão.

“Dependência de ficar com o celular o tempo inteiro chegou a um nível em que pessoas se atrasam para compromissos por estar mandando mensagens ou ficar esperando e vendo se as mensagens foram respondidas. Infelizmente esse uso excessivo pode gerar algum tipo de fobia, como a nomofobia, que é o medo de ficar sem celular”, diz. 

Alan Silva, de 28 anos, foi diagnosticado com depressão e ansiedade após seu celular cair na privada, ele reconheceu ter um vício: o WhatsApp. O estudante decidiu procurar ajuda ao perceber que acordava no meio da noite procurando o aparelho. Foram dias difíceis para ele, que estima passar até oito horas diárias checando seus 15 grupos. “ Pra mim acordar no meio da noite para ver se tem mensagem é muito comum. O uso excessivo do aparelho sempre me atrapalha na hora de estudar e de dormir”.

Desde meados dos anos 60 vivemos, no período chamado de era da informação, pós era industrial, caracterizada como a evolução tecnológica. E, para quem nasceu antes da internet, smartphones e computadores, é um avanço tecnológico muito grande e os impactos econômicos, sociais, psicológicos e políticos são claros e visíveis sobre esses novos tempos. 

De acordo com a psicóloga, os estímulos constantes também podem gerar baixa capacidade de concentração. Nos mais novos, este elemento pode levar ao baixo rendimento escolar e até afetar o sono. “Quando não se consegue a aceitação,automaticamente impacta a autoestima das pessoas, principalmente em adolescentes. Nos grupos desse aplicativo, fica claro o sentimento de rejeição, causa um efeito maior na autoestima e pode levar à depressão, muito comum em jovens quando as mensagens não são respondidas na hora ou quando não se tem na mesma velocidade uma resposta”, explica.

O WhatsApp é uma ótima ferramenta de comunicação rápida entre as pessoas, mas não pode substituir conexões mais profundas e pode até causar a demissão se não utilizado de maneira correta.

Segundo Beatriz Goes, professora de comunicação da Faculdade Martha Falcão (FMF), mestre em Ciências da Comunicação, explica que o homem sempre teve necessidade de se comunicar. É graças à comunicação que o homem nos primórdios pode começar a viver em comunidade. 

“Percebemos enquanto espécie que se vivêssemos em grupo éramos mais fortes e a chance de sobrevivência e reprodução aumentavam assegurando a perpetuação genética. Nesse sentido, é interessante repararmos também que a necessidade do homem se comunicar só foi aumentando com o passar dos anos, uma vez que cada vez mais eram criadas tecnologias que possibilitavam a comunicação de maneiras mais complexas. Com a internet isso aumentou exponencialmente levando a uma geração - que desde de que acorda até o momento que vai dormir - está conectada, são os prosumers, ou seja, aquelas pessoas que hoje são ao mesmo tempo produtoras e receptoras do conteúdo disponível na rede”, finaliza a professora.

No Brasil há um crescimento elevado, com 78,3 milhões de pessoas nas redes sociais, ou seja, 79% de sua base de usuários da Internet. O brasileiro, em média, fica 5:26 horas por dia conectado à internet; gasta 3:47 horas com acesso móvel; gasta também 3:47 horas com acesso a redes sociais (via mobile ou fixo); e consome 2:49 horas na TV.

Simone Souza, estudante de engenharia elétrica, 25 anos, conta que não sente tanta necessidade de ficar conectada o tempo todo. “Não tenho motivos para ficar conectada 24h por dia, busquei colocar horários para ficar nas redes sociais e isso é bom porque não fica na ansiedade pra saber se tal pessoa está on-line ou se ela respondeu a minha mensagem”, conta a jovem.

Edição: Marcella Ladislau
Atualização: Maickson Serrão 
Supervisão: Professora Vanessa Sena
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