Blog Layout

Da zona leste de Manaus para o Brasil: Roger Siqueira 

 O artista tem ganhado cada vez mais destaque no cenário humorístico nacional.

Ronaldo Martins – redação portalfalcon.com

Publicado em 21 de outubro de 2020.

Natural do Amazonas, Roger Siqueira tem 27 anos e é destaque no cenário do humor nacional. Conhecido pela sua irreverência, o jovem desde pequeno já fazia a alegria dos amigos na sala de aula. Ao subir no palco não esconde sua felicidade de levar alegria ao público, tanto que fundou o toca da comédia, um espaço dedicado a apresentações de humoristas em Manaus. O humorista iniciou sua carreira em 2016 fazendo pequenas apresentações na capital Amazonense e desde então despontou para “cena” nacional. Ele conta nessa entrevista como foi sua caminhada até chegar ao sucesso. 

Roger, você sempre foi aquele menino que se sentava no fundão da sala e tirava sarro da turma?
R = Sim, essa era a minha diversão, nunca fui de fazer bagunça, meu negócio era fazer piada. Gostava de ver os meus amigos rindo das besteiras que eu falava, algumas inclusive faço nos shows.

Em que momento você viu que o humor seria sua forma de ganhar a vida?
R = Bom, comecei a fazer comédia stand up há 4 anos aqui em Manaus e quando eu iniciei não existia cena alguma, então vi a possibilidade do pioneirismo local, foi o casamento perfeito do sonho, da oportunidade e do empreendedorismo.

Qual foi a sensação de subir aos palcos pela primeira vez para fazer stand-up? 
R= Mix de sentimentos. Por um lado, eu estava feliz por ter feito, por ter iniciado, mas pelo outro não gostei do meu desempenho e vi que precisava melhorar bastante se quisesse profissionalizar aquilo.

Sofreu dificuldades nessa trajetória até chegar nos dias atuais?
R= Várias. No meu caso não era só a parte empreendedora que precisa desabrochar, mas a questão artística também e evoluir mercado e qualidade ao mesmo tempo não é nada fácil, mas ao mesmo tempo os dois estão ligados. A pior parte era chegar em um local para fazer Stand Up e as pessoas nem saberem o que era. Até hoje existem muitas pessoas que não sabem, mas nós sabemos o que fazer nessa situação.
 
Hoje você percorre o Brasil fazendo shows, tinha imaginado isso?
R= Cara, se eu disser que não estarei mentindo. Quando se inicia uma carreira você à projeta a curto, médio e longo prazo e viajar fazendo show era uma meta que veio até bem antes do que eu imaginava.

Por ser amazonense, percebeu algum olhar de desconfiança sobre seu trabalho?
R= O povo amazonense nunca teve um representante nacional no circuito de comédia, então é normal que o restante do Brasil fique com um pé atrás ao ver um amazonense no palco, mas eles são atentos e curiosos em saber sobre o que iremos abordar e isso é um ponto muito positivo.

Atualmente vive apenas do humor? É difícil?
R= Hoje atuo como repórter em um portal de notícias chamado NO AMAZONAS É ASSIM, mas em minhas reportagens sempre trabalho o cômico visando o entretenimento, pois essa é minha maior bandeira. Além de repórter tenho um clube de comédia, que inclusive é o primeiro do Amazonas, que se chama Toca da comédia. Lá eu administro além de fazer shows. Fora isso eu agencio os meus próprios shows e de outros comediantes, enfim, acho que posso dizer no mínimo que vivo para a comédia.

Faz quantos shows em média por mês?
R= Na Toca da Comédia eu me apresento de forma fixa duas vezes por semana, fora os shows corporativos, viagens e outros estabelecimentos. Acho que dá uma média de 14 shows ao mês.

Como você ver o cenário do humor no Amazonas?
R= Em total expansão e crescimento. A cena começou com dois comediantes, hoje só na toca temos mais de 30 e a qualidade dessa galera nova é muito boa, a turma vem cheia de vontade e com sangue nos olhos.

Acredita que no Estado não há investimento para profissionais da área?
R= De modo geral não existe nenhum investimento direto por parte do poder público, mas o setor privado é quem patrocina muita coisa na cena e esses empresários parceiros junto com o público é quem mantém acesa a chama de um dia ter uma cena de comédia forte e consolidada na nossa cidade.

Você recentemente fundou o “Toca da Comédia” conta um pouco sobre esse projeto. 
R= A Toca nasceu da necessidade de ter um local exclusivo para a prática e o consumo da comédia, um point mesmo, onde quem tiver afim de rir sabe onde ir. Stand Up geralmente só temos no teatro e com valores absurdos de aluguel e inacessíveis na questão do ingresso para grande parte do público. A Toca da Comédia traz todo mês uma atração nacional para fomentar a cena, mas o foco principal são os artistas locais que juntos fazem hoje 4 shows na semana (Segunda, Quinta, Sexta e Sábado). 

Até então não tinha algo parecido na cidade, essa sua iniciativa é uma revolução?
R= Não diria revolução, eu diria evolução. E essa evolução vem por parte do público que cada vez começa a confiar nos artistas locais, deixando de lado aquela teoria que "o que é bom vem de fora". Temos muitos talentos na nossa terra, no nosso bairro e na rua da nossa casa, o que falta são mais espaços como a Toca para que esse artista possa se desenvolver.

Chegando ao fim da nossa entrevista, Roger, qual é seu diferencial? o que tenta levar de diferente para o público?
R= Sou um cara apaixonado pelo Amazonas, amo a nossa cultura, o nosso jeito, a nossa culinária e os nossos costumes e coloco isso no meu show. Quando viajo por aí as pessoas além de rirem se apaixonam pelo nosso estado e quem já é daqui se sente representado e se identifica com as histórias.

Para encerrar, qual é o seu sonho no meio humorístico? O que ainda pretende alcançar?
R= Costumo dizer que pra quem não sabe o que quer qualquer coisa serve, e esse não é o meu caso. Meu objetivo na comédia são dois: Como empreendedor eu quero ver uma cena de comédia na cidade, com as pessoas fixando a ida a um clube de comédia como opção de entretenimento. Já como artista a minha meta é continuar no circuito nacional e viajar o Brasil todo fazendo shows.

Edição: Marcella Ladislau
Atualização: Maickson Serrão
Supervisão: Professora Vanessa Sena
Share by: